- O meu primeiro contato com a amamentação não foi nada amistoso. Eu tinha acabado de sair do parto, tremia dos pés à cabeça por causa da anestesia, sem o menor controle sobre o meu corpo, quando chegou a enfermeira toda feliz trazendo a Gabriela para mamar. Oi?? Mamar em quem? Foi o que me veio à cabeça naquele momento. Sim, eu sei que é mega importante pro bebê este primeiro contato e para todo o processo de descida do leite, mas naquele momento foi tipo "Precisa mesmo?"
- Nos primeiros dias não tem leite, só colostro, e o bebê quer mamar o tempo todo. Se está acordado quer mamar. Nossa primeira noite como pais foi quase toda passada em claro porque a Gabi não queria sair do peito. Depois percebemos que ela não queria exatamente mamar, mas sugar. Ou seja, uma chupeta teria resolvido o problema. Mas, como pais de primeira viagem, ninguém lembrou de levar chupetas para a maternidade. #ficadica
- Ainda na maternidade, aproveitando que o bebê quer mamar o tempo todo, é o período ideal para você se certificar de que ele está fazendo a pegada certinha. Use todo o conhecimento das enfermeiras para aprender o jeito certinho. Em algumas maternidades têm até enfermeiras especialistas em amamentação. Isso é primordial para garantir que não haja fissuras e o processo de amamentação seja o menos doloroso possível. Porque vai doer, você vai ver, mas se não acontecerem rachaduras, é uma dor que passa logo.
- Já em casa, aquela almofada de amamentação realmente ajuda muito. Ela apoia o bebê e nos deixa bem seguras. Tanto que rola até uma cochilada nas mamadas da madrugada porque o bebê não tem como cair do nosso colo.
- Quando o leite de verdade desceu eu senti uma dorzinha de leve e fiquei muito quente, como se estivesse com febre mesmo. Inclusive é normal ter febre. E senti os peitos enchendo de verdade. Daí em diante você vai sempre sentir o peito enchendo no intervalo entre as mamadas. E, se o bebê demorar muito entre uma mamada e outra, vai sentir até dor.
- Água, muita água, você vai sentir muita sede enquanto amamenta. É legal deixar uma garrafa d'água em uma mesinha de apoio próximo do local onde você vai amamentar, principalmente de madrugada, quando você provavelmente estará sozinha. É impressionante! O bebê pega o peito e sua boca seca na mesma hora.
- Na mesma mesinha deixe alguma coisa para distração. Eu usei (ainda uso!) o meu ipod, onde eu podia verificar o twitter ou sites de fofocas enquanto a Gabi mamava. No início a mamada demora bastante, de 30 a 45 minutos, é tempo demais para você ficar apreciando as mãozinhas delicadas e os pézinhos perfeitos. Os bebês são mesmo lindos, mas na 3a vez que você for amamentar essas coisinhas perdem o encanto. Principalmente nas madrugadas. Se você não quiser cochilar, arrume alguma coisa para se distrair, senão não tem jeito.
- Como disse lá em cima, os primeiros dias são de MUITA dor! E nada pode te preparar para isso. Pegar sol, passar bucha, usar cremes, nada! Eu só usei cremes durante a gravidez para hidratar, que é o mesmo efeito do sol, mas não adiantou. Passar bucha, teoricamente, deixaria a pele do seio mais grossa e com isso menos sujeita às irritações causadas pela fricção da língua do bebê. Besteira! Vai doer e pronto! O que eu posso dizer para te acalmar é que passa em 2 ou 3 dias. A pele do seio acostuma, o que quer dizer, esfola toda e você estará pronta. Claro que isso só vale para bebês que têm a pegada certinha. Caso contrário a dor só aumenta porque podem aparecer fissuras. Então, o meu conselho é: É difícil sim, e muito, mas se a pegada está certinha, persevere, que logo passa.
- O tal creme hidratante (eu usei o Lansinoh) é muito útil para ser usado depois de amamentar. Quando o seio está completamente esfolado e você não consegue nem vestir o sutiã, passe um pouquinho do creme que ele alivia muito! É maravilhoso! No começo, a Gabi mamava cada vez em um seio, então dava tempo do outro melhorar usando a pomada.
- O que fazer quando o seio está tão machucado que você não consegue nem vestir o sutiã? Foi quando eu descobri o verdadeiro objetivo daquela abertura nos sutiãs de amamentação. Muita pomada e mais nada!
- Outra dica são as conchas. No começo eu usava aqueles absorventes. Você vai ter que se acostumar com o cheiro azedo de leite, você vai viver pingando. Mas, quando os seios estão super machucados é impossível. Então me indicaram as conchas. Maravilhoso! Não entra em contato com o bico, então ele consegue cicatrizar numa boa. Além disso, serve para evitar que o leite empedre porque ele está sempre massageando aquela área. E tem gente que usa aquele leite que pinga para dar ao bebê, mas eu tinha nojo. Ouvi dizer que outra utilidade das conchas é usá-las durante a gravidez que ela ajuda a formar o bico. É uma boa idéia.
- Livre demanda ou colocar logo o bebê numa rotina? Eu acho que o certo a ser feito é o que você se sentir melhor. Não existe certo ou errado nessa hora. Aliás, estou pra ver o que é certo ou errado em toda a maternidade. Assim que a Gabi nasceu ela mamava sempre que queria (livre demanda). Eu acho que foi importante porque nós não nos conhecíamos, então impossível saber se ela chorava de fome, sono, sujeira, ou qualquer outra coisa. Então, o mais simples era: chorou, peito! E você vai ver que o peito é um santo remédio para tudo. E ainda é até hoje que ela já está com 7 meses e praticamente não mama mais. Mas, com o tempo, eu comecei a colocá-la numa rotina de 3 em 3 horas. É importante pro bebê ter uma rotina e muito importante para a mamãe também ter um tempo para ela. Se você tiver ajuda pode descansar entre essas 3 horas. E também, mais tarde quando você tiver vontade de sair de casa, com a rotina, você pode planejar um passeio entre uma mamada e outra sem que o bebê comece a chorar do nada.
- Quando você começar a se sentir segura para sair de casa com o bebê, vai perceber que esse momento da amamentação é a parte complicada da jogada. Eu achava péssimo ter que me refugiar num canto para amamentar num lugar tranquilo e calmo. Agradeço a minha mãe, irmã, cunhada, sogra e amigas que me fizeram companhia nesses momentos. Você já tem que sair do evento, não precisa ficar sozinha, né? Quando o evento era na casa de pessoas da família eu nem saia. Vamos combinar uma coisa, enquanto a mãe amamenta, o peito é de domínio público. Portanto, deêm uma olhadinha pro outro lado, em sinal de respeito! E nunca, em hipótese nenhuma, deixe uma mãe sozinha num canto amamentando. A não ser que ela queira. O que eu acho muito difícil porque por mais que ela queira ficar sozinha, pelo menos um copo de água ela vai aceitar!
- Do nada você coloca a mão no seio e sente uma pedra. Eu fiquei muito nervosa quando meu peito empedrou da 1a vez (e da 2a, da 3a...). Primeiro porque dói. Depois porque a gente ouve cada história quando está grávida, de mulheres que tiveram vários problemas, que a gente fica com medo de que possa acontecer com a gente. A minha médica disse para ficar calma, que era uma coisa super comum, colocar compressa de gelo e fazer bastante massagem. A parte da massagem eu não conseguia fazer porque me dava nervoso colocar a mão naquelas pedras. Mas, o gelo realmente aliviava muito. E, no final das contas, na próxima mamada o bebê mesmo resolve o problema. E quando a pedra some é um alívio enorme.
- Quando você começar a sair de casa também, vai começar a perceber que apesar de estar com um peitão lindo, nada fica bem com esses sutiãs de amamentação begezinhos sem graça. Então, procure por sutiãs mais modernos e de outras cores porque eles existem.
- Quando a Gabi começou a comer outros alimentos, o intervalo entre as mamadas ficou muito grande, então para que a minha produção de leite não diminuisse eu passei a tirar o leite, esvaziando os peitos no meio da tarde. Eu usei uma bomba elétrica da Medela, muito boa. Dizem que a manual dói muito. Eu não conheço. A elétrica também doeu no início depois eu me acostumei. Mas é super prático e fácil de usar. Eu levava pra onde quer que eu fosse e usava esse leite para complementar a mamada da noite.
- Eu tive que usar complementos na alimentação da Gabi já no 3o mês porque o meu leite não estava sendo suficiente para ela. Fiquei chateada sim, me senti incompetente, mas resumindo a história, com ela bem alimentada, o horário da mamada era muito mais prazeroso.
Daqui a pouco a amamentação aqui em casa vai acabar mesmo. Eu acho que foi uma fase legal, importante pra Gabi, mas tenho uma visão bem prática de tudo isso. Não acho que amamentar é um momento mágico ou que graças a esse momento eu criei um vínculo importantíssimo com a minha filha. Nós teríamos esse vínculo mesmo que eu nunca a tivesse amamentado. Isso tem muito mais a ver com carinho e amor, do que com o simples fato de eu alimentá-la com o meu peito. Se eu estivesse mal na hora de amamentar, como muitas vezes estive quando ela vivia com fome e por isso queria mamar o tempo todo e não sobrava tempo pra mim, não criaria vínculo nenhum. Pelo contrário, seria péssimo para nós duas. O que é melhor, uma mãe amamentando de má vontade ou uma mãe dando mamadeira com prazer? Eu acho que tem muitas VERDADES por aí, muita gente falando um monte de coisas, cheias de propriedades, dizendo o que é certo ou errado. Sinceramente, eu acho que o certo é o que é melhor pra você! O que faz você feliz, o que deixa você tranquila, serena. Não se preocupe com o que as pessoas dizem, você é a mãe, ninguém quer mais pra o seu bebê do que você. Então siga seus instintos e mãos a obra. Se você está bem, seu bebê também estará.
Não vou sentir falta de amamentar, mas vou sentir falta dessa mãozinha.
Gabi com 7 meses.